Amostra Cultural: Artista plástico laurofreitense participa de I e II Amostra Cultural e impressiona críticos.

O artista plástico Jessé Souza Nazaré, 36 anos, morador do Centro de Lauro de Freitas (BA), está impressionando críticos, professores, estudantes e artistas do mundo das artes. O fato dele não ter cursado o ensino superior em arte, não significa que ele seja desmerecedor de grandes elogios, vindo de pessoas que entende do assunto. Jessé Nazaré tem apenas três anos que se dedicou a arte de pintar, por questões financeiras não freqüentou cursos que são essenciais para quem deseja deslanchar na carreira. Ele nunca encarou isso como obstáculo, se aprofundou como podia em livros e revistas que achavam em qualquer lugar. Hoje tem acesso a grandes obras de escritores conhecidos internacionalmente como Phaidon, Van Gogh e Monet, seus artistas prediletos. O jovem que até pouco tempo escondia para alguns que pintava, hoje não tem como esconder que se transformou num grande artista plástico da arte impressionista. O artista chegou a fazer esculturas em madeiras, mas não esconde, agora, que tem preferência em pintura à pinça, arte pouco explorada, porque requer muita habilidade e técnica. Dentre as obras que são as mais cobiçadas em exposições, estão “O pecador”, já vendida e “O mendigo”. As duas têm algo em comum, expressam a solidão humana de uma forma muito impactante. Fonte: Texto e fotos: Por Adailton Reis.

Entrevista:

Letras & Tons- Qual sua cidade de origem?

Jessé Nazaré- Nasci em Salvador, porém vir para Lauro de Freitas, com 03 anos de idade. Depois voltei para Salvador, passei em Camaçari, agora estou aqui de novo. Nisso já tenho 19 anos que retornei. Considero-me laurofreitense nato.

Letras & Tons- Você tem pouco tempo que se dedicou a arte. Você se considera um profissional?

Jessé Nazaré- Tenho muito que aprender na arte. Apesar de ter estudado até a 6ª série do ensino fundamental, pretendo continuar meus estudos e tomar cursos superiores na área.

Letras & Tons- Como chegou a ter contato com a arte?Você recebeu influência de alguém da família ou do rol de amizades?

Jessé Nazaré- Não. Na verdade comecei a pintar quando ficava triste, como forma de esquecer os problemas. Nessa brincadeira fui colecionando todos esses trabalhos. Teve um certo tempo que os quadros que via nos lugares me incentivava a pintar cada vez mais. Posso dizer que os grandes artistas como Van Gogh e Monet, de certa forma me influenciaram.

Letras & Tons- Por que você escondia que era artista Plástico?

Jessé Nazaré- Escondia porque achava que ainda não estava preparado, não achava que meus trabalhos estavam tão bons para serem apresentados. Tinha receio de duras críticas.

Letras & Tons- O que sua arte tem de diferente?

Jessé Nazaré- Isso fica a cargo das pessoas que apreciam, porque cada pessoa tem uma opinião diferente em relação a ela. Sempre busco algo novo, tento pintar baseado no comportamento das pessoas.

Letras & Tons- Observo que em suas obras expressam muito o pecado humano. Estou certo?

Jessé Nazaré- Sim. Exploro muito isso. O ser humano vive preso as religiões, por isso sempre estão se achando culpado por qualquer coisa. Ele sempre acha que está pecando a todo o momento, se considera um pecador.

Letras & Tons- E como entra sua arte aí?

Jessé Nazaré- Vem tentando mostrar o caminho da libertação através da pintura. Pinto meus quadros como forma de buscar a liberdade mental e espiritual das pessoas. Vejo que a maioria é presa as religiões e acabam com esse sentimento de culpa.

Letras & Tons- Qual a sua religião?

Jessé Nazaré- Já freqüentei várias, mas no momento não tenho religião, apenas creio em Deus.

Letras & Tons- Você acha que suas obras fogem da realidade cotidiana?

Jessé Nazaré- Não. Muito pelo contrário, elas estão dentro da realidade de muitas pessoas. Muitas vezes, elas chocam, mas por outro lado impressionam professores, artistas e críticos. Eles dizem que sou um artista que evoluiu muito em pouco tempo.

Letras & Tons- O quadro “O Mendigo” é um personagem fictício ou real?

Jessé Nazaré- Não se assuste, mas foi baseado em mim, na minha solidão.

Letras & Tons- E porque um mendigo?

Jessé Nazaré- O conhece muito da cidade, vive um mundo que as pessoas não enxergam. Em todo lugar tem um mendigo, nos EUA, por exemplo, é campeão. Em relação a minha solidão, deixo a cargo das pessoas olharem e perceberem que solidão é essa e se identifiquem com ela. Cada pessoa tem sua solidão.

Letras & Tons- O que você pretende para a sua carreira como artista plástico?

Jessé Nazaré- Eu pretendo estudar melhor o surrealismo, porém vou seguir o impressionismo. Pretendo ser reconhecido mundialmente e vender muitos quadros, claro.

Características das obras:

Pinturas do artista

“Caos Urbano.” / Tinta óleo Tamanho: 90X70.

"O Mendigo"/ Tinta óleo sobre a tela; Tamanho: 80X90.

"Igreja Santo Amaro de Ipitanga"/Pintado a pinça e pincel- Tinta óleo sobre a tela/ 1,00X90

“Três faces do horror”. /Escultura em madeira.

“O Ateliê”. / Óleo; Tamanho: 90X90.

Abstrato- Sua primeira obra “Homenagem ao Candomblé”. / Feito de tinta Guache.

Abstrato- “Duas Flores”. / Tinta Guache.

Amostra Cultural em Lauro de Freitas

A partir da repercursão de seu trabalho o artista plástico Jessé Nazaré foi convidado a participar do evento Amostra Cultural que aconteceu em novembro de 2011.

O Evento Amostra Cultual, visa resgatar toda identidade cultural da nossa cidade que têm grandes histórias de lutas, crenças e credos não contados, dando oportunidades aos artistas locais de mostrar seu talento, seu trabalho tão pouco divulgado e carente de incentivos públicos, dando um impulso na economia do município, atraíndo assim mais visitantes e projetando cada vez mais a nossa terra.

Coordenadores do evento : Daniel Aranha, Dj Serra, Jau, Márcio Santos, Rafael José e Ricardo Vieira.

II Amostra Cultural de Lauro de Freitas

Após o sucesso da primeira Amostra Cultural, repete-se a iniciativa em 2012, trazendo novos talentos, ampliando a participação de mais artistas de nossa cidade e assim se firmar como um evento a ser incorporado ao cenário de arte e cultura de nossa cidade,com a participação dos segmentos empresariais e da sociedade civil e do poder público em suas possibilidades e limitações legais.

O evento Amostra Cultural possibilitou o reconhecimento do trabalho de vários artistas que viviam no anonimato e agora podem fazer de seu talento e arte, através dessa oportunidade de divulgação a não ser mais um sonho impossível, distante...e sim uma profissão, fazendo o que mais sentem prazer em realizar: CULTURA E ARTE.